sábado, 3 de março de 2012

"Por uma vida melhor" (Alexandre Garcia)

     O Ministério da Educação distribuiu para quase meio milhão de alunos um livro de português que defende um novo conceito sobre o uso da língua portuguesa. Não teria mais “certo ou errado”, e sim “adequado ou inadequado”, dependendo da situação. Entretanto o Ministério esclareceu que a norma culta da língua portuguesa será sempre a exigida nas provas e avaliações.
     Quando eu estava no primeiro ano do grupo escolar e falávamos errado, a professora nos corrigia, porque estava nos preparando para vencer na vida. É notório que o conhecimento liberta, forma eleitores e contribuintes conscientes, gente que cresce e faz o país crescer. É notório que o conhecimento vem da educação na escola, em casa e na vida. E é óbvio que a raiz de tudo está na capacidade de se comunicar, está na linguagem escrita, que transmite e difunde o conhecimento e o pensamento. Isso é o que diferencia o homem dos outros animais. A educação liberta e trona a vida melhor, nos livra da ignorância, que é a condenação à vida difícil. Quem for nivelado por baixo terá a vida nivelada por baixo. Pois, ironicamente, esse livro se chama “Por uma vida melhor”. Se fosse apenas uma questão de linguística, tudo bem. Acontece que o que está em jogo é o currículo de quase meio milhão de alunos. E é abonado pelo Ministério da Educação. Na moda do politicamente correto, defende-se o endosso a falar errado para evitar o preconceito linguístico.
     Ainda hoje, todos viram o chefão do FMI algemado. No Brasil ele não seria algemado porque não ofereceria risco. No Brasil, algemas constrangem os detidos. Aqui, os alunos analfabetos passam automaticamente de ano para não serem constrangidos. Aboliu-se o mérito e agora aprova-se a frase errada para não constranger.

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